“Bandido”, “polícia”, “sapo”: clima pega fogo na Câmara
A prevalecer o clima pré-eleitoral já sentido nos bastidores e em plenário, o que resta de 2015 e o que deve prevalecer ao longo do próximo ano promete tirar a Câmara Municipal de Jundiaí da mesmice e do bom-mocismo entre os vereadores registrados na maioria das sessões da atual legislatura.
Isso ficou evidente na sessão de terça-feira (15), quando Eliezer Barbosa da Silva (PRB) e Paulo Sérgio Martins (PPS) protagonizaram, até então, um bate-boca fora dos padrões ao discutir projeto que cria a diretoria executiva da Fundação Serra do Japi, esta última aprovada em março.
O bate-boca teve início quando, na tribuna, Paulo Sérgio tentou adivinhar, com ironia, o placar da votação – 13 a 3 ou 11 a 4? – antevendo, assim, a aprovação do projeto de autoria do Executivo.
Eliezer se sentiu ofendido e, com a palavra, pediu mais respeito a Paulo Sérgio, que é delegado de polícia.
“Não aceito de maneira nenhuma esse tipo de intimidação”, disse o professor Eliezer, e cujo partido apoia o prefeito. “Sou um indivíduo, tenho meus pensamentos e defendo-os conforme a minha posição. Não devo nada à oposição nem à situação. Só devo satisfação aos meus eleitores”, afirmou ele ao provocar: “quem tem que ter medo de polícia é bandido e eu não sou bandido”.
Paulo Sérgio votou contra o projeto, aprovado com o placar de 14 a 3, por não concordar com o salário dos que devem ocupar os cargos de confiança na Fundação, três ao todo, e que vão custar, segundo ele, R$ 28 mil reais por mês à Prefeitura.
“Enquanto a Dilma corta, aqui a gente infla a máquina administrativa”, declarou ele, que sugeriu o aproveitamento de outros funcionários, já em atividade, e que não sacrifiquem tanto o erário público.
Ao ser acusado de ter faltado com o respeito com todos os vereadores também pelo representante do PHS na Casa, vereador José Adair de Souza, Paulo Sérgio afirmou que não deixa que ninguém o chame de leviano. “Só não vou pagar sapo para ninguém, como se diz na polícia”.
Diante do clima quente, o presidente Marcelo Gastaldo (PTB), que se posicionou várias vezes solicitando menos embate político e mais atenção na votação do projeto, pediu a interrupção dos trabalhos por duas horas.
Antes disso o líder do PT na Câmara, Gerson Sartori, e o vereador Gustavo Martinelli (PSDB) já haviam dado a largada na discussão.
Na tribuna Martinelli disse ser a favor das causas do Meio Ambiente, mas contra a criação dos cargos – superintendente, diretor administrativo-financeiro e diretor técnico para a gestão da Fundação Serra do Japi que, também no seu entender, trazem grande prejuízo aos cofres da Prefeitura.
“Homem público tem que ter seriedade e funcionários qualificados”, rebateu um exaltado Gerson, lembrando que os cargos, inclusive, são uma determinação da Justiça.
A vereadora Marilena Negro (PT) refrescou a memória dos vereadores ao lembrar que a criação dos cargos já consta do projeto que cria a Fundação. Por isso disse não entender o motivo de tanta discussão.
Cláudia Maria Petroni Muller é jornalista
- Sobre turismo no Centro Histórico de Jundiaí - 11/09/2017
- Diretas, a Virada da Democracia - 11/09/2017
- O escola sem partido afeta a Ciência e o ensino de Ciências? - 05/07/2017
Deixe uma resposta