Festa da Uva
No processo industrial capitalista a prioridade é o lucro e a necessidade de se atingir o maior número de consumidores possíveis. Os produtos saíram do âmbito artesanal para serem produzidos em larga escala, a partir de um modelo único, e com isto se tornaram padronizados. Acredito que o ponto fraco deste modo de produção seja a qualidade. É fácil exemplificar isto através de produtos alimentícios. O que será de maior qualidade, uma lasanha feita artesanalmente desde a massa ao molho, ou uma daquelas congeladas que você compra nas geladeiras dos supermercados? No processo artesanal existe espaço para os detalhes, para o cuidado, para o tempo, para a criatividade, para o produto único, raro e simples.
Durante os anos mais recentes, a tradicional Festa da Uva de Jundiaí, priorizou o lucro, o faturamento, os números, e queria simplesmente atrair um grande público, seja este qual fosse. Além dos produtores rurais da cidade não se sentirem incentivados a participarem da festa, chegou-se ao absurdo de se contratar uma apresentação, dita musical, com conteúdo ofensivo e obsceno na abertura do evento no ano passado.
Neste ano, a 30ª Festa da Uva traz de volta para seus pavilhões um clima que não se sentia há muitos anos, o foco se voltou para o trabalhador do campo e sua história, seu presente e seu futuro. Espaço para um museu com a história de famílias que se destacaram na produção rural da cidade, a exposição de uvas e vinhos com produtores jundiaienses, exposição de máquinas modernas para o mercado agrícola, comidas típicas dos bairros, shows e performances somente com artistas da cidade e entrada gratuita. Atributos que fazem a festa retornar à um formato que ficou esquecido durante muito tempo.
De um lado o superficial, o fácil, o padronizado, o mega, o alienado, a redundância, o efêmero. Do outro o conteúdo, o profundo, o único, o simples, o questionador, o criativo, o duradouro. O que realmente devemos priorizar e valorizar?
É uma questão de escolha. Ou não?
- Festa da Uva - 01/02/2013
- Além do diz-que-diz - 01/01/2013
- Funcionalismo público - 25/12/2012
Deixe uma resposta