Nota sobre as agressões na Câmara Municipal
O Movimento Voto Consciente Jundiaí, que tem como missão a promoção da cidadania individual e coletiva dentro dos princípios democráticos, vem a público manifestar-se sobre os fatos ocorridos na última terça-feira, 12 de abril de 2016, na Câmara Municipal de Jundiaí, envolvendo episódios de violência entre manifestantes a favor e contra o impeachment da Presidente da República.
O regime democrático aceita um teor de conflitos na sociedade e admite como normal as tensões entre pessoas e grupos, pois a não aceitação da divergência funda-se no autoritarismo e o autoritarismo, como negação do sujeito, não pode merecer apoio dentro de uma perspectiva de sociedade que deve se pautar pela liberdade e respeito.
O atual contexto político do país tem facilitado o afloramento de manifestações de ódio nos mais variados espaços públicos e privados, indicando a necessidade de aprimorarmos da nossa capacidade de dialogar com quem expressa divergência.
Em defesa de uma sociedade capaz de conviver com as diferenças e divergências, o diálogo e a aceitação, o Movimento Voto Consciente repudia qualquer ação e manifestação geradoras de violência, assim como a omissão frente à violência.
Apontamos com preocupação a reprodução de tais comportamentos em nossa sociedade, reproduzidos e compartilhados por diversas mídias, comprometendo os processos de socialização e aceitação das diferenças, de maneira a atingir crianças e adolescentes a quem adultos deveriam servir de exemplos. A sociedade deve ter a preocupação com o seu papel de educadora – este é um dos propósitos para com as futuras gerações.
É imprescindível reconhecer a Câmara Municipal para além de suas atribuições formais. Ela também é um espaço de educação política e de cidadania, devendo garantir a promoção da democracia e a retração de manifestações fomentadoras da violência.
A Câmara Municipal, como instituição representativa da democracia, deveria se constituir como espaço legitimado de cidadania e estar preparada para o caráter necessariamente conflituoso da democracia, sendo bastante simbólico que, justamente nesse local, tenha ocorrido a substituição do argumento pela violência.
O Movimento Voto Consciente entende que estamos vivendo o recrudescimento das polarizações e de interesses quem em nada contribuem para uma sociedade mais justa e democrática.
A partir do conflito, é possível adquirir condições de crescimento e transformação, pois, por meio da flexibilização do desejo individual, é possível reconhecer a existência do outro e atingir a noção de alteridade, tão importante para a vida comunitária e para o amadurecimento das interações relacionais.
Nesse sentido, a ação violenta surge como tentativa inadequada de resolver conflitos, pois parte do constrangimento, coerção ou subordinação de uma pessoa em relação a outra revela o despreparo para compreender e administrar divergências, pois pretende a “exclusão” do outro a partir da não validação de sua opinião.
Não há nada em nossa condição humana e social que nos permita pensar que as diferenças e divergências desaparecerão. Cabe a nós a construção de meios capazes de promover o estoicismo moral, que permita reconhecer por princípio, que os outros possuem os seus direitos ainda que contrários aos nossos.
A alteridade – a percepção do outro e o respeito a ele – está ausente e é preciso abrir espaço para a construção positiva e complementar do outro como diferença. Consideramos que a Câmara Municipal deve ocupar-se de garantir o estabelecimento desta alteridade em seu exercício. #VaiTerRespeito
[…] cartazes com os dizeres “#Vai ter Respeito“, os membros do Voto lembraram de manifesto veiculado um dia depois da sessão do dia 12. A […]