Pão de ontem
Ontem, dezenove horas – sete da noite, como diz o bom brasileiro – , o debate legislativo promovido pela ong Voto Consciente estava quase começando. Um cidadão cuja presença tinha grande importância no evento, o Tico, não estaria lá. Mas eu, que num passado não muito distante nunca me imaginaria numa reunião dessas, estava. Imaginava como seria o debate, inquieto pela novidade. Talvez estivesse presente pouca gente, talvez fosse maçante, ou talvez não.
Eu havia chegado na AAPJR pouco depois das dezoito, e o Henrique, coordenador-geral da ong, explicou o que eu faria para ajudar o evento. Entregar papéis, recolher papéis, nada que um hominídeo bem treinado achasse difícil fazer.
Ouvira falar da ong há alguns meses, que era apartidária, era polêmica, era isso e aquilo. E essa era minha primeira vez como voluntário da ong. Os outros voluntários, eu conhecia um ou outro apenas. Mas vi a diversidade na ong, pois muitos eram tão jovens quanto eu e outros eram já aposentados. Cada um ajudando de alguma maneira.
Mas, como dizia, eram dezenove horas, e as pessoas estavam chegando. Algumas podiam ser reconhecidas de cartazes que haviam povoado a cidade antes de outubro. Outras, nem tanto. Porém todas assinavam a lista de presença e recebiam a senha, para sorteio do mesário, da mesma maneira. Afinal, todos eram e são iguais.
Às dezenove e trinta, com um pouco de atraso, começava o debate. No início, considerações, apresentações, formalismos em geral. Dois dos quatro pré-candidatos convidados estavam ausentes, Tico já citado e o pedetista Fernando Bardi. O que sobrou era a presença de Marilena Negro e José Dias.
E então era o momento das perguntas. Primeiramente da ong aos vereadores e depois do público aos mesmos. Eu estava ajudando a entregar os papéis para perguntas e fiquei feliz em ver que grande maioria das pessoas quis questionar os candidatos. A cada pergunta, uma elucidação; uma ganho, talvez, à democracia.
José Dias e Marilena respondiam as perguntas frente à câmera da imprensa, cada um a seu modo. Marilena com respostas firmes e incisivas, por vezes um tanto ácidas. José Dias com sua maneira diplomática e calma, por vezes um tanto prolixo. E até poderia dizer que tanto um quanto outro sentiu dificuldade em responder certas perguntas polêmicas e inusitadas, como, por exemplo, a que perguntava sobre a extinção do salário de vereador.
Não me lembro do número exato de perguntas respondidas. Foi um bom número, assim como bons foram a maioria dos questionamentos. E, devido à falta de tempo, houve perguntas que ficaram sem resposta – dentre essas a minha.
Por menor que seja o auxílio que fiz à ong nesse evento, pude me sentir mais participativo, mais útil talvez. Não me restou dúvida de que debates como esse contribuem para o contato entre representantes e representados, seja lá quem forem. Torço, portanto, para que haja outros eventos assim, e que eu possa estar neles também.
Gostei, foi bom. E se poderia ser melhor não é a questão que desejo comentar aqui, pois muitas variáveis não estão e nem estarão ao nosso alcance. Apenas senti falta dos candidatos a presidência não presentes, por mais que não os conhecesse. Era uma bela noite para se discutir assuntos internos.
Pelo seu texto e por ter ido ao debate dos prefeituráveis, imagino que este também foi ótimo! Queria muito ter ido.
Só são chatas essas ausências repetidas no que diz respeito à situação! Só quero ver depois dizerem que a ONG marca cartas em suas eventuais críticas.