Velhos erros
Ano de eleição é sempre interessante – para o partido no poder. A cidade vira o famoso “canteiro de obras”. Muitas destas que em 3 anos sofreram para sair do papel, em poucos meses resplandecem aos olhos dos cidadãos, para dar-lhes a sensação de que a cidade em que moram avança, ou que é “a que mais cresce”, entre outros jargões. Essa tática é antiga e baseia-se na ingenuidade de que a população é incapaz de percebê-la.
Jundiaí de fato cresceu nos últimos anos. Se alguém dissesse há algumas décadas atrás que a nossa principal avenida tornar-se-ia o que é hoje, provavelmente ririam da cara do pobre coitado. Avenidas duplicadas ou triplicadas, pólo industrial crescente, 3 shoppings a caminho, imóveis superfaturados e o surgimento de tantos prédios que a visão até fica prejudicada demonstram que de fato a cidade cresceu e cresce.
Acredito que seja hora de passarmos a nos preocupar com as outras áreas em que a cidade precisa crescer para que tamanho inchaço imobiliário torne-se sustentável. E a principal é o transporte público, se não quisermos acabar como a capital em termos de trânsito. E acredito que já caminhamos a passos largos nesse sentido.
Passou da época em que se almejava desenvolvimento puro e simples, calcado em crescimento imobiliário. É necessário pensá-lo em um contexto muito mais amplo, de transporte público, educação e serviços básicos, para que não nos tornemos reféns de velhos erros.
- Plano de metas e a universidade pública em Jundiaí - 16/07/2013
- Nova consciência - 05/07/2013
- Velhos erros - 18/06/2012
Cara, gostei bastante desse artigo! Pensa uma imagem para ele? Vale a pena!
Sobre esse “desenvolvimento mais inteligente”, acabamos esquecendo que, em nossa cidade, temos apenas um cinema (e comercial). Temos quantas bibliotecas mesmo? Uma! Quantas piscinas públicas? A do Bolão e mais…
Quantas ciclofaixas? Quantos museus e quais deles interativos, com recursos digitais? Nenhum. Temos o Museu Ferroviário, de Luz e Energia, o Solar do Barão. Todos eles concentrados em uma zona central que, mesmo com tamanha vocação, ainda não foi declarada Zona de Interesse Cultural e em uma cidade onde, nos finais de semana, continua custando 3 pilas para pegar o bumba! Gostei muito quando trouxe o “acesso” e ainda construímos uma lógica que privilegia ofertas comerciais de cultura e lazer e centralizamos os aparelhos públicos, sem desenvolvê-los e sem pensar no sistema de acesso.
Por outro lado, temos iniciativas sociais interessantes. Cineclube Consciência com seis anos de trabalho e conseguindo pautar um esboço de política. Moviecom arte, abrindo espaço para filmes menos comerciais, embora o ingresso continue sendo uma barreira. Os museus continuam sem uma proposta de desenvolvimento e sem construírem-se como referências, infelizmente. Cinemas/cineclubes e bibliotecas interativas nos bairros ou pelo menos em regiões-pólo é proposta simples, mas que não avançou. Isso tudo na esfera de lazer e cultura. A de transporte público patina, sem um sistema de ciclorotas, ciclovias e bicicletários, sem corredores exclusivos de ônibus e privilegiando o automóvel individual.
abraços!